Artista! Atriz, cantora, dubladora, e até um pouco bailarina. ehehhehehe Enfim, só para dividir um pouquinho da minha vida...
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Atuação em cinco sentidos

Cantar, dançar e interpretar não é o bastante para dar sabor ao dia a dia de Kiara Sasso. Com bolos e cupcakes, a atriz de musicais completa seu cotidiano na cozinha
Ela já desvendou a verdadeira beleza de uma terrível criatura ao interpretar a personagem Bela, de A Bela e a Fera; foi a soprano Christine Daaé, fascinada e depois raptada pelo gênio musical conhecido como O Fantasma da Ópera; deu vida às famosas canções do grupo sueco ABBA em Mamma Mia! e a dezenas de personagens em musicais produzidos desde os anos 1990 no Brasil. Pensou em artistas que cantam, dançam e atuam em musicais – tudo ao mesmo tempo? Lá está Kiara Sasso, nome artístico de Chiara Francesca Perin Di Santolo Sasso, carioca que, aos 3 anos, foi morar com a família nos Estados Unidos, onde viveu sua primeira experiência artística. Aos 8 anos, ela participava de programas de televisão como atriz mirim – nada sério, apenas uma maneira de se divertir e acompanhar os passos de um amigo de escola, ator de comerciais. Depois, colocou um aparelho ortodôntico e, envergonhada, preferiu deixar de lado a carreira precoce. Mas foi um abandono temporário. Ao assistir a musicais no teatro e na televisão, Kiara se sentiu familiarizada com essa combinação artística completa. Partiu para suas primeiras aulas de canto, ainda que não pensasse exatamente em tornar isso uma profissão. “Eu só fazia porque achava bonito, curtia. Nunca pensei que um dia isso fosse realmente virar uma carreira ou qualquer coisa parecida”, conta a artista. Mas Kiara logo se sentiu atraída pelos palcos e, aos 14 anos, surgiu a primeira oportunidade de estar em um deles. “Foi num período em que eu estava aqui no Brasil e fui assistir a um musical chamado Banana Split, no Rio de Janeiro. Lá, conheci um rapaz do elenco, que acabou sendo meu primeiro namorado. Acabei ficando aqui por causa dele. Um dia, uma das meninas do elenco teve de sair, eu fiz o teste e passei. Foi aí que eu comecei”, relembra. E não parou mais. Voltou aos Estados Unidos para estudar e, após fazer inúmeras aulas de canto, dança e atuação, levou adiante o seu talento e hoje é uma das atrizes mais requisitadas para musicais. “Eu me realizo. É muito legal ter a resposta imediata do público.” No mês de julho, enquanto estava em cartaz no papel de Maya em A Princesinha - o Musical, e já ensaiava para o próximo espetáculo, A Madrinha Embriagada, Kiara reservou um tempo para conversar com a Revista Fleury. Nos bastidores do teatro, onde se sente muito à vontade, ela falou sobre sua trajetória, carreira e o que faz para dar mais sabor à vida – como os cupcakes e bolos estilosos e saborosos que costuma preparar para os mais próximos.
"Eu gosto de atuar ao vivo, gosto da plateia ali na minha frente, e de estar no palco. Acho o teatro musical muito completo. Eu me realizo."
FLEURY: O que fez você se apaixonar pelos musicais?


Kiara Sasso: Minha mãe e minha avó sempre foram apaixonadas por filmes musicais. Cresci vendo Sete Noivas para Sete Irmãos [musical norte-americano do gênero comédia, dirigido por Stanley Donen em 1954], que é lindo, o meu favorito. Mas, com 11 anos, assisti O Fantasma da Ópera, e acho que aquele dia acabou desencadeando minha paixão e minha vontade de cantar. Foi quando comecei a fazer aula de canto. Mas nunca pensava: “Nossa, um dia eu vou fazer isso também”. Eu só fazia porque achava bonito, curtia. Nunca pensei que um dia isso fosse realmente virar uma carreira ou qualquer coisa parecida.

FL: Quando foi sua primeira experiência profissional?

KS: Quando eu tinha 8 anos e morava nos Estados Unidos, um colega de escola, que atuava em comerciais e televisão, me pilhou para seguir esse caminho também. Mas acho que, quando você é criança, encara algo assim para se divertir. Ele dizia que sempre era muito divertido e eu queria fazer porque era quase uma brincadeira. E acabei atuando em vários trabalhos, mas nunca cantando. Era como atriz mirim. Um pouco depois, coloquei aparelho nos dentes, fiquei envergonhada e não quis mais.

FL: Como surgiram as outras oportunidades?

KS: Fiz alguns musicais pequenos entre os 15 e 17 anos. Com 17, passei no meu primeiro musical realmente bacana, que foi Os Fantástikos, no Rio de Janeiro. Em seguida, fiz As Malvadas e, um pouco depois, o show Broadway in Café. Depois, voltei para os Estados Unidos, com 19 anos, porque fui fazer faculdade de teatro musical. Fiquei lá um tempo, fiz muitos testes, passei para várias coisas, mas eu tinha um problema sério naquela época. Porque a maioria das pessoas do elenco tinha mais de 35 anos de idade, e eu tinha 19 com cara de 14. Então, batia muito na trave por conta da minha aparência tão jovem. Tive muitos “quase”, mas não tinha metade da experiência que tenho hoje, então foi muito bacana.

FL: E como é a experiência de atuar em musicais?

KS: Eu gosto de atuar ao vivo, gosto da plateia ali na minha frente, e de estar no palco. Acho o teatro musical muito completo. Eu me realizo. É muito legal ter a resposta imediata do público.

FL: Para atuar de forma completa, é preciso ter uma segurança muito grande. De onde vem tanta autoconfiança?

KS: Não faço a mínima ideia. Eu acho que é uma coisa que foi aumentando com o tempo, com a experiência e com o fato de que eu via que estava dando certo, que eu estava melhorando. Porque tudo nessa vida é aprendizado. Eu olho para os trabalhos que fiz até hoje e penso: “Poxa, acredito que hoje faria muito melhor”. Mas é uma escada em que a gente fica eternamente subindo os degraus, ao longo da vida, da carreira.

FL: Você ainda fica nervosa quando sobe ao palco?

KS: Claro que fico! Principalmente em estreia, ou se é um dia em que sei que vai alguém do meio, algum colega. Sempre rola um friozinho na barriga. Faz parte.

FL: Como é sua relação com os fãs?

KS: Quando eu era jovem e me apaixonei pelo O Fantasma da Ópera, eu ia de quatro em quatro meses assistir e era fascinada pela moça que fazia a personagem da Christine. Tudo o que eu queria era vê-la de perto e tirar uma foto com ela. Todas as vezes que ia, esperava na saída dos atores e ela sempre dava um jeito de fugir por outra saída. Nunca a vi de perto, e essa é uma das minhas grandes frustrações enquanto fã. Como isso me marcou muito, faço questão de ser uma pessoa presente, que os fãs vejam que sou normal, de carne e osso, que falo, converso. Acho que esse é um dos grandes motivos pelos quais sou tão acessível.

FL: E você tem um tempo para se cuidar?

KS: Como agora estou em fase de ensaio junto com espetáculo, mal tenho tempo de arrumar minha casa de vez em quando. Mas, normalmente, eu vou para a academia. Tento ir pelo menos quatro vezes por semana. Estou querendo voltar pra ioga, que é uma coisa que adoro. Muito de vez em quando faço uma aula de dança, mas não tenho esse hábito aqui no Brasil. Mas me cuido sim, tento na maioria do tempo me alimentar de forma saudável, não comer besteira, mas é muito difícil. Então, às vezes, saio da dietinha, mas logo, logo eu volto.

FL: O que costuma dar mais sabor à sua vida, além do teatro? Quais são os laços que você cultiva?

KS: Tenho muitos amigos, tanto aqui quanto nos Estados Unidos. Estou sempre com saudade de alguém e isso faz parte quando você tem dois polos. Para mim, o que dá o colorido na vida é a gente conseguir dividir os momentos com as pessoas que a gente gosta. Grande parte da minha vida eu passo perto de quem amo. Isso é muito importante. Alimenta a alma.

FL: Você pretende mesmo voltar a morar nos Estados Unidos?

KS: Esse é o plano, se tudo der certo. É o que quero, tenho muitas saudades de lá. Tenho muita vontade de criar meus filhos num lugar mais tranquilo, onde eles terão as mesmas coisas que eu pude ter, como andar de bicicleta na rua sem preocupação, ou se divertir no parque.

FL: Qual musical você sonha em fazer ainda? Por quê?

KS: Wicked - a História Não Contada de O Mágico de Oz, porque é um musical muito bom. As músicas são lindas, o roteiro é muito bacana. É a história que precede O Mágico de Oz. A personagem que eu gostaria de fazer é a Glinda, muito interessante, engraçada, com um crescimento enorme ao longo do espetáculo. Tenho muita vontade de dar vida a ela.

FL: O teatro é a sua segunda casa?

KS: Minha vida sem teatro não teria metade da diversão que tem hoje em dia.


Talento que se põe à mesa
Em casa, o palco onde Kiara Sasso coloca seu talento à prova é a cozinha. Entre fôrmas, panelas, receitas e aventais, ela busca dar mais sabor à vida ao dedicar-se à confeitaria, atividade que começou como hobby e já ocupa uma parte importante do dia a dia da artista. Após um começo controverso, ela se especializou e, hoje, prepara cupcakes, doces e bolos. “Nem vejo o tempo passar quando estou na cozinha”, conta.
Fleury: Quando começou a fazer cupcakes?

Kiara Sasso: Foi quando estava atuando no musical Mamma Mia!. Tive uma alergia que me deixou fora de cena por duas semanas. Eu já não tinha mais o que fazer em casa e pensei: “Gosto tanto de cupcake, acho gostoso, bonito... Vou tentar fazer!”. As primeiras tentativas foram um desastre. Minhas amigas do Mamma Mia! estavam na minha festa de noivado e comentaram que eu cheguei um dia com um cupcake que tinha um cheiro forte e que elas perguntaram se era de parmesão. Respondi que era de baunilha e esperei que elas comessem. Uma virou para a outra e fez gestos de “não come!”. Como eu não tinha experiência, tinha usado manteiga vencida. Estava horrível! Mas muita água passou por baixo da ponte, e agora o que eu faço é muito, muito bom!

FL: E você aceita encomendas?

KS Já faço sob encomenda. Algumas pessoas me pedem e eu faço com o maior prazer.

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