Por Vinício Angelici, on 30-11-2010 18:49
Não é por acaso que se trata de um dos mais famosos musicais do mundo, atualmente cumprindo extensas temporadas em Londres e Nova York. Contagiante, solar e envolvente, a peça estreou nos palcos londrinos em 1999, já foi traduzida para catorze idiomas e levada às telas de cinema em 2008, num filme estrelado por Meryl Streep. A magia do musical não é um segredo de polichinelo – basta prestar atenção na irresistível trilha sonora, que reúne hits da banda pop sueca Abba, de sucesso estrondoso nas décadas de 1970 e 1980. As canções e letras de Benny Andersson e Bjorn Ulvaeus e o libreto da inglesa Catherine Johnson transitam por temas como a desilusão amorosa, porém, a abordagem nunca é pessimista ou baixo astral.
Na montagem brasileira, as eficientes versões em português de Cláudio Botelho observam esse viés. Ambientada em uma ilha grega, a trama é rasa como uma folha de papel e vale-se dessa simplicidade para desfiar um enredo um tanto improvável. O público até agradece porque o que importa mesmo é a massa sonora de sucessos do quarteto sueco. Às vésperas de seu casamento, a adolescente Sophie (Pati Amoroso) decide secretamente convidar três homens que se relacionaram com sua mãe vinte anos atrás.
Um deles é o seu pai e a dúvida irá pontuar todo o espetáculo. Claro, Donna (Kiara Sasso) irá levar um choque ao vê-los ali reunidos para a cerimônia da filha. Para levar adiante essa despretensiosa ficção, a montagem se encarrega de costurar um hit atrás do outro, entre eles, as que grudam no ouvido Dancing Queen, The winner takes it all, Money, Money, Money e Take a chance on me. Na arquitetura imaginada, é a história que acompanha a música e não o contrário, como reza a tradição. Embora algumas canções pareçam ter sido escritas associadas à narrativa, em certos momentos as letras escapam um ou mais dedos dos acontecimentos.
O espetáculo tem duas horas e meia e a platéia mal sente o tempo passar. Praticamente todos os elementos funcionam satisfatoriamente. A produção, que não chega a ser suntuosa, dispôs de cenários e figurinos originais, assinados respectivamente por Nancy Thun e Scott Traugott (com supervisão de Genevieve Petitpierre). A música é brilhantemente executada por uma orquestra de dez músicos, sob a regência e direção musical de Paulo Nogueira. A encenação brasileira leva a marca de Robert McQueen (diretor associado) e Floriano Nogueira (diretor e coreógrafo residente), uma dupla que conduz com grande competência e faro depurado um elenco de 32 atores.
O conjunto, aliás, não deve nada à montagem que este crítico viu na Broadway em 2008.
Na montagem brasileira, as eficientes versões em português de Cláudio Botelho observam esse viés. Ambientada em uma ilha grega, a trama é rasa como uma folha de papel e vale-se dessa simplicidade para desfiar um enredo um tanto improvável. O público até agradece porque o que importa mesmo é a massa sonora de sucessos do quarteto sueco. Às vésperas de seu casamento, a adolescente Sophie (Pati Amoroso) decide secretamente convidar três homens que se relacionaram com sua mãe vinte anos atrás.
Um deles é o seu pai e a dúvida irá pontuar todo o espetáculo. Claro, Donna (Kiara Sasso) irá levar um choque ao vê-los ali reunidos para a cerimônia da filha. Para levar adiante essa despretensiosa ficção, a montagem se encarrega de costurar um hit atrás do outro, entre eles, as que grudam no ouvido Dancing Queen, The winner takes it all, Money, Money, Money e Take a chance on me. Na arquitetura imaginada, é a história que acompanha a música e não o contrário, como reza a tradição. Embora algumas canções pareçam ter sido escritas associadas à narrativa, em certos momentos as letras escapam um ou mais dedos dos acontecimentos.
O espetáculo tem duas horas e meia e a platéia mal sente o tempo passar. Praticamente todos os elementos funcionam satisfatoriamente. A produção, que não chega a ser suntuosa, dispôs de cenários e figurinos originais, assinados respectivamente por Nancy Thun e Scott Traugott (com supervisão de Genevieve Petitpierre). A música é brilhantemente executada por uma orquestra de dez músicos, sob a regência e direção musical de Paulo Nogueira. A encenação brasileira leva a marca de Robert McQueen (diretor associado) e Floriano Nogueira (diretor e coreógrafo residente), uma dupla que conduz com grande competência e faro depurado um elenco de 32 atores.
O conjunto, aliás, não deve nada à montagem que este crítico viu na Broadway em 2008.
Em alguns aspectos, transmite mais energia e espírito de irreverência. Mesmo a preocupação com a pouca idade da protagonista, em torno de 30, que seria muito jovem para uma mãe com filha já adolescente, dissipou-se rapidamente. Kiara Sasso é luminosa em cena e incorpora Donna com inequívoco talento. Veterana em musicais, dona de belíssima e afinada voz, a atriz valoriza com muita técnica, carisma e emoção o seu papel, atribuindo-lhe todas as inflexões e nuances necessárias. Andrezza Massei, ótima cantora, sabe tirar proveito de seus atributos físicos e, com muita graça, executa coreografias incríveis que chegam a arrancar aplausos abertos. Rachel Ripani é sempre uma figura bonita em cena e prova que, além de intérprete inspirada, sabe cantar bem.
Os números musicais interpretados por esse trio de amigas são os melhores do espetáculo. Pati Amoroso, no papel da noiva que apronta a confusão, é uma grande promessa como atriz de musicais e faz com graciosidade e leveza uma personagem que quer apenas conhecer o pai que nunca viu. Os três "possíveis pais” dão um show à parte, tanto na interpretação quanto cantando e dançando. Todo o elenco de apoio, bastante homogêneo, entrega-se com prazer redobrado às coreografias e belíssimas canções.
A montagem busca equilibrar-se entre a comédia e o drama, com ampla vantagem para o primeiro registro, e a cenografia nem sempre dialoga com a ambientação. São detalhes que não ofuscam um espetáculo competente e delicioso de se assistir, com desfecho catártico como um megashow pop.
Os números musicais interpretados por esse trio de amigas são os melhores do espetáculo. Pati Amoroso, no papel da noiva que apronta a confusão, é uma grande promessa como atriz de musicais e faz com graciosidade e leveza uma personagem que quer apenas conhecer o pai que nunca viu. Os três "possíveis pais” dão um show à parte, tanto na interpretação quanto cantando e dançando. Todo o elenco de apoio, bastante homogêneo, entrega-se com prazer redobrado às coreografias e belíssimas canções.
A montagem busca equilibrar-se entre a comédia e o drama, com ampla vantagem para o primeiro registro, e a cenografia nem sempre dialoga com a ambientação. São detalhes que não ofuscam um espetáculo competente e delicioso de se assistir, com desfecho catártico como um megashow pop.
Texto: Benny Andersson, Bjorn Ulvaeus e Catherine Johnson
Adaptação: Cláudio Botelho
Direção Geral: Robert McQueen
Direção Local: Floriano Nogueira
Elenco: Kiara Sasso, Saulo Vasconcelos, Rachel Ripani e outros
Teatro Abril (Av. Brig. Luis Antônio, 411, Bela Vista. Fone: 4003-5588). Quarta a sexta, 21h; sábado, 17h e 21h; domingo, 16h e 20h. Ingresso: R$ 80 a R$ 250. Em cartaz por tempo indeterminado.
Estreou: 11/11/2010
Adaptação: Cláudio Botelho
Direção Geral: Robert McQueen
Direção Local: Floriano Nogueira
Elenco: Kiara Sasso, Saulo Vasconcelos, Rachel Ripani e outros
Teatro Abril (Av. Brig. Luis Antônio, 411, Bela Vista. Fone: 4003-5588). Quarta a sexta, 21h; sábado, 17h e 21h; domingo, 16h e 20h. Ingresso: R$ 80 a R$ 250. Em cartaz por tempo indeterminado.
Estreou: 11/11/2010
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