O escritor americano Earl Mac Rauch acompanhava tudo, maravilhado: a orquestra afinando os instrumentos, os bailarinos se aquecendo, os atores passando o texto. "O que me interessa é ver um espetáculo bem brasileiro, apesar da inspiração em minha obra", disse ele à reportagem.
Rauch estava no Teatro Sérgio Cardoso, às vésperas de um ensaio do musical "New York, New York", inspirado em seu livro - o mesmo que originou o conhecido filme de Martin Scorsese, com Liza Minnelli e Robert De Niro. O espetáculo reestreia reformulado na sexta-feira (17).
A produção brasileira é o primeiro musical no mundo a utilizar o texto de Rauch como ponto de partida, o que deixou o americano estupefato. "Desde 1977, quando surgiu o filme, ninguém mais se interessou em fazer qualquer tipo de adaptação, portanto, eu já não contava mais."
A surpresa aconteceu quatro anos atrás, quando Rauch recebeu um e-mail do maestro e produtor Fábio Gomes de Oliveira propondo a versão nacional. Com o sinal verde do americano, Oliveira iniciou a produção, que conta com a direção-geral de José Possi Neto.
A trama tem o mesmo ponto de partida que o longa de Scorsese - logo depois de encerrada a 2ª Guerra Mundial, a cantora Francine Evans (Kiara Sasso) conhece o saxofonista Johnny Boyle (Juan Alba), iniciando uma turbulenta relação.
"Basicamente, termina aí a semelhança com o filme", comenta Possi Neto. "Afinal, enquanto no cinema a trama é mais dramática e um tanto violenta (como gosta o Scorsese), nossa produção é mais leve e repleta de alegria e bom humor."
Ele promoveu uma série de mudanças no espetáculo, desde sua estreia em abril do ano passado, quando iniciou uma vitoriosa temporada. A começar pelo elenco principal - Alessandra Negrini será substituída por Kiara Sasso no papel de Francine.
Assim, se perde força no humor, o espetáculo ganha com a presença de uma das melhores intérpretes do musical brasileiro. "Com Kiara, a Francine tornou-se mais romântica", observa Possi, que alterou também diversos números coreográficos.
Outra mudança mexeu na estrutura da história: Possi havia criado um papel especialmente para Simone Gutierrez, atriz versátil e extremamente engraçada. Com sua ausência, extinguiu-se também a gerente do hotel que persegue Francine e Boyle a fim de cobrar uma conta de hospedagem. "Tudo existia para explorar o carisma da Simone - sem ela, espalhei suas cenas entre outros personagens", conta Possi.
Apesar de mais enxuto (agora tem 30 minutos a menos, totalizando duas horas), o espetáculo mantém o espírito original ao oferecer um generoso panorama do melhor da canção americana entre as décadas de 1940 e 1960. O repertório, executado por uma banda de 14 músicos, é maravilhoso e inclui standards como "An American in Paris", "Blue Moon", "My Way", "Bebop", "The Man I Love", "Mr. Sandman" e, claro, "New York New York".
New York, New York
Teatro Sergio Cardoso
Rua Rui Barbosa, 153, Bela Vista
Quintas, 21; Sextas, 21h30; Sábados, 17h e 21h; domingos, 16h.
R$ 40
Até 6/10
Teatro Sergio Cardoso
Rua Rui Barbosa, 153, Bela Vista
Quintas, 21; Sextas, 21h30; Sábados, 17h e 21h; domingos, 16h.
R$ 40
Até 6/10
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